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Estamos quase no fim de Abril e para mim é sinónimo de fazer fretes: o
frete de pagar o IMI; o frete de mandar os papéis do IRS para o contabilista; o
frete de ser obrigada a perceber que vou ter de passar recibos de renda eletrónicos;
etc. ODEIO! Houve anos que entreguei o IRS fora do prazo apenas porque sim,
porque a simples ideia de organizar os papéis me dava náuseas. Este ano tenho
tudo orientado, só falta mesmo, mesmo juntar uma ou outra
coisa. Enfim, FRETES!
Em relação a algumas coisas sou mesmo telhuda, basicamente sou o tudo ou nada! Sou o tudo quando me dá a ‘louca’ e
levo tudo à frente; sou o nada quando estou numa fase do ‘não quero saber’.
Há uns anos atrás, entre 2007 e 2008, passei por uma crise financeira (ainda
estava casada com o pai da minha filha, a caminho do divórcio que aconteceu em
2008). Crise é sinónimo de cartas; intimações; bolas de neve que viram
autênticas avalanches, e eu só queria ignorar. Passava dias, semanas sem ir ao correio com medo que
lá estivesse mais uma carta para pagar uma multa qualquer, pelo atraso do
pagamento de alguma coisa. Foi uma altura muito difícil e quando ignoramos os
problemas eles crescem à velocidade da luz. Sofri e durante muito tempo sofria
quase sozinha porque nem me atrevia a pensar no assunto.
E este exemplo da crise serve para muitas outras coisas. Quando me
sentia/estava gorda uma parte de mim queria ignorar o problema, fazer de conta
que estava tudo bem, mas por outro lado sofria em silêncio porque até
percebermos que não tem mal partilhar e pedir ajuda, é um processo doloroso que
só quem por lá passou sabe reconhecer.
Hoje sou uma pessoa diferente mas reconheço que também o sou porque
não tenho problemas, pelo menos não tenho problemas graves que me tirem o sono.
Todos os dias quando entro no prédio vejo a caixa do correio (progresso); todos
os dias ou quase todos os dias passo pela balança (progresso em relação ao
tempo que fugia dela como o Diabo da cruz) e isto torna-me mais relaxada. Claro
que depois há sempre outras coisas em que nos revemos e acabamos por agira da
mesma forma. Dou-vos um exemplo:
- Quando a minha princesa entrou para a escola primária, eu e mais uns
pais criamos uma associação de pais porque simplesmente não havia! Fizemos
coisas fantásticas e eramos um grupo muito unido. Depois a princesa cresceu e
mudou de escola, pelo que transitei para outra associação, ainda que no mesmo
agrupamento. Já lá vão quase 4 anos mas todos os anos o grupo esmorece. Desde
que entrei fiquei com o cargo de Presidente mas às vezes sinto-me mesmo a remar
sozinha e isso faz com que eu esmoreça. No Natal fazemos sempre pedidos a
empresas para comprarmos os alimentos para os cabazes de natal que oferecemos
às famílias mais carenciadas mas este ano lectivo decidi que me ia portar de
forma diferente. Fiz uma carta tipo que enviei para todos os órgãos da associação
e esperei, sentada. Estávamos já no mês de Dezembro a menos de 2 semanas de
acabarem as aulas e não tínhamos patrocínio nenhum! A SÉRIO… Protelei até à última
e mesmo no fim decidi avançar, porque as crianças não têm culpa. Conseguimos mas
foi tudo no limite. Por norma partilho tudo com todos os elementos e por escrito, há
sempre ½ dúzia que se manifesta mas no que toca à distribuição de tarefas,
posso esperar SENTADA! Não há quem peça uma reunião ou dê uma ideia; não há ninguém que se lembre que a associação existe e que podíamos fazer algo mais... Isso chateia-me e por essa razão no final do ano passado, disse que não ficava para este ano lectivo mas basicamente fiquei à força (por respeito apenas a duas pessoas que mereciam que eu lá estivesse).
Ontem disse-vos que todos os meus esforços estavam concentrados em
ajudar a concretizar um sonho para a Ala do Ensino Especial e até podem não
concordar, mas decidi avançar sozinha e quando conseguir o que quero, comunico.
Ponto. Nestas coisas aplica-se a minha teoria de que sou efectivamente, o tudo ou nada, mas já que sou o
TUDO, faço as coisas à minha maneira.
Lá em casa o que eu ouço é ‘quando as coisas não são como tu queres…’
ups… perhaps! Mas e quem disse que eu não tenho razão? Ahahahahahahahaha
Desabafos de uma Teresa 'Roquette'
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