"A morte não é nada.
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
como sempre se pronunciou.
Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou:
continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Por que estaria eu fora dos teus pensamentos,
apenas porque estou fora da tua vista?
Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca as tuas lágrimas e, se me amas,
Não chores mais.”
Stº Agostinho
Ana…
N 19/07/1997
F 16/04/2014
Ontem fui a um velório… (mais logo vou ao funeral). Esta menina não me
era da minha família directa, era sobrinha de uma prima minha (por afinidade)
mas sofremos pelos que sofrem e esta criança sofreu horrores. Foram 21 meses de
sofrimento atroz! Sempre que estava com a minha prima, era impossível não
chorar pelos relatos da sua experiência… A família adapta-se a todas as
situações mesmo quando nós, que estamos de fora, achamos quase impossível
conseguir lidar, superar, ultrapassar esta dor.
Muito resumidamente a Ana descobriu que tinha um carcinoma em Julho de
2012 e desde então, sofreu, sofreu, sofreu… Tinha uma irmã, gémea, que está livre
da doença porque eram gémeas falsas. Foram 21 meses de dores; tratamentos;
cirurgias; viagens ao estrangeiro na tentativa de encontrar uma cura, mas o fim
era previsível há já algum tempo… Quando estava em casa a Ana dormia numa cama
articulada na sala, com a sua irmã gémea ao lado que sempre, sempre a apoiou em
tudo… Quando digo tudo, é mesmo tudo! Mas, naquela casa não se podia chorar nem
estar triste! A pessoa que mais ânimo dava à família era a Ana (que no fundo,
sabia que ia partir…). Ontem no velório a mãe dizia ‘Agora vamos ser três… agora vamos
ser sempre só três… Desculpa filha por não te ter conseguido salvar!’
Sou mãe e não consigo nem quero imaginar tal dor. Hoje vai
ser complicado, muito complicado... Aquela família estava toda preparada para a
morte, o coração deles é que não!
Se ontem tremi da cabeça aos pés quando lá cheguei, não quero imaginar
o hoje…
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