sexta-feira, 18 de abril de 2014

A MORTE NÃO É NADA #2

Sempre tive dificuldades nos velórios em olhar, tocar, estar perto. Quanto mais longe pudesse estar, melhor, independentemente do grau de parentesco que ligasse aquela pessoa a mim. Na quinta-feira percebi e senti a dor daquela mãe a ter que se despedir da filha; os últimos momentos que a iam separar para sempre daquela criança e doeu, doeu, doeu! Doeu-me a alma, o coração, a cabeça, a garganta… tudo! Sentia um nó que me impossibilitava de falar; sentia as lágrimas que caiam umas atrás das outras; senti uma dor tão grande (não sei como é que alguém aguenta). Aqueles pais estavam preparados, preparados espiritualmente para aquele desfecho. Lidaram com a situação duma forma tão grandiosa que até me arrepio agora que escrevo. Percebemos que não estavam zangados com DEUS, percebemos sobretudo que se sentiram pequeninos, muito pequeninos perante a sua impotência em derrotar uma doença tão mortífera. A mãe só pedia desculpa à filha por não a conseguir salvar e cada vez que ela dizia aquilo o meu coração ficava ainda mais apertado e eu sentia-me ainda mais pequenina, muito pequenina mesmo. O Padre fez uma missa bonita, sentida, emocionante. A madrinha escreveu uma carta de agradecimento à menina (sua afilhada) que nos comoveu a todos. Foi algo que nunca vou esquecer na vida… Cada vez que penso no tema apetece-me chorar. Cada vez que beijo a minha filha lembro-me daquela mãe que beijou a sua filha pela última vez e parte-se-me o coração.

Foi aquela menina, mas podia ser qualquer outra menina deste mundo…
Foi aquela mãe que sofreu a perda, mas podia ser uma outra mãe qualquer…

Tento afastar estes pensamentos de mim mas é difícil não nos deixarmos abalar.
...

Sem comentários:

Enviar um comentário