No meu post de segunda-feira referi que o meu último dia de férias ia
ficar para sempre na minha memória, eis a razão.
Não sei se já vos disse que sou a mais nova de 5 irmãos (2 rapazes e 3
raparigas):
Euzinha – 38 anos
Mana do meio – 42 anos
Mano mais novo – 45 anos
Mano mais velho – 46 anos
Mana mais velha – 50 anos
Desde miúda que sempre fui mais chegada à minha irmã mais velha o que
acabou por causar sempre ciúmes e insegurança à minha irmã do meio, mas por
mais que a tenhamos tentado integrar, ela sempre (e ainda hoje) se sente
excluída e com um complexo de inferioridade… Em relação aos rapazes, o mais
velho foi o 1.º a casar pelo que saiu de casa muito cedo e o mais nova acabou
por casar igualmente cedo e foi de seguida… A mais velha foi a 1.ª a sair de
casa aos 16 anos e eu, obviamente fui a última!
Sempre tivemos ‘zangas de irmãos’ e em relação ao meu irmão mais velho
sempre foi complicado. Começou a beber aos 8 anos de idade quando ia para o
tasco com o meu pai. Não sei ao certo quantos anos durou o casamento dele do
qual tem uma filha com 27 anos. Depois de se separar andou de emprego em
emprego (era empregado de mesa) e morava em quartos (nunca ficou muito tempo no
mesmo) até ao dia que regressou a casa e foi morar com a minha mãe (já ela
morava sozinha, o meu pai faleceu há 20 anos). Nunca concordamos com este regresso porque apesar de ele beber
e fumar e nunca conseguir manter um emprego, a verdade é que ele se desenrascava
e nunca ficava muito tempo desempregado. Regressar significava cama, comida e
roupa lavada logo, era mais uma consumição para a minha mãe que além disto
ainda tinha de lhe alimentar o vício do tabaco e do álcool. Contra a nossa
vontade, e por pressão de outras pessoas de família ele voltou. Resultado?
Ficava na cama até meio da tarde, não comia e começava logo a beber vinho mal
se levantava. à noite já era outra pessoa consumida pelo álcool como podem imaginar. Levou esta vida até ao dia que a minha mãe teve o AVC (em 2009). Sendo que a minha mãe nunca mais voltou àquela casa porque precisava de que tomassem conta dela, ele acabou por ficar sozinho,
por sua conta, peso e medida… Nenhuma de nós tinha condições para tomar conta
dele também (além da minha mãe) pelo que eu e a minha irmã mais velha fizemos de tudo para ele se tratar.
Levei-o a consultas com uma psicóloga e tentei/tentámos que ele aceitasse ser
internado no Magalhães Lemos para fazer uma desintoxicação, mas se as pessoas
não forem de livre vontade, eles não aceitam os doentes. E mais uma vez ele
recusou ser tratado ficando obviamente por sua conta e risco. Durante uns anos
alugou quartos (na casa onde a minha mãe morava que tinha uma renda irrisória)
a arrumadores de carros e pessoas com problemas de álcool e prostituição até ao
dia que foi obrigado a sair e conseguiu alugar um quarto através da segurança
social. Sendo uma pessoa doente, conseguiu uma reforma antecipada e vive à custa da reforma e penso que também tem o rendimento mínimo.
Era impossível convidá-lo a vir a nossa casa sem ele começar a beber e
arranjar problemas pelo que a escolha foi dele e acabou por se tornar numa
pessoa solitária, como podem imaginar… Dos meus irmãos a pessoa mais chegada a
ele é a minha irmã do meio que lhe lava a roupa e no mês que tem a minha mãe,
ele vai lá imensas vezes.
Sexta-feira recebo um telefonema duma prima minha que é enfermeira,
que me disse que ele estava doente. Tinha-lhe mandado uma mensagem a perguntar
se um tumor maligno era muito grave???????? Surreal como podem imaginar. Fui
apanhada de surpresa e custou-me, porque apesar de tudo, é meu irmão!
Liguei-lhe a dizer que sabia que estava doente e a perguntar o que se passava.
Tinha ido sozinho ao hospital fazer análises porque tinha um papo no
pescoço e apesar de só ter os resultados finais no próximo dia 8, a médica
tinha-lhe dito que achava que aquilo era um tumor. Já tinha feito uma biopsia e
na segunda ia fazer um TAC. Disse-lhe prontamente que ia com ele porque não se
pode andar sozinho nestas coisas, não pode! Segunda-feira antes de irmos fazer o TAC, acabamos por passar 1.º na
urgência porque aquilo está feio e médica ficou incrédula com o estado de avanço
que aquilo está! Colocou-se atrás dele e disse-me com os lábios: É um tumor e é
grave! Pelos vistos ele já tem aquilo há mais de 2 anos e deixou andar.
Disse-nos que tinha feito um TAC há mais de 2 anos mas que não se via nada pelo que o médico na altura
o mandou fazer uma biopsia e ele teve medo de fazer sem anestesia e não fez,
mas também não disse nada a ninguém… Resultado, DEIXOU ANDAR e chegou ao ponto que chegou. Ele nunca foi gordo; pesava
56kg e agora pesa 46kg… Quase não come nada e já só consegue comer coisas
mornas e moles. A médica perguntou-lhe: Ainda consegue comer??????????? O que quer dizer que não tarda nada e ele já nem vai conseguir engolir!!!!!!
Não sei o que é que isto vai dar mas não se augura nada de bom. Segunda-feira vamos saber os resultados e a conclusão: se faz tratamento ou
não; se é operável ainda ou não; se tem capacidade física para suportar os
tratamentos ou não… Enfim… para já vai jantar na minha casa e mando-lhe almoço.
A médica da urgência foi muito explícita com ele sobre o comer bem por causa do
que aí se avizinha.
Entretanto gerir isto tudo com a minha mãe não é fácil. Ela já
percebeu que é grave e já me disse inúmeras vezes que ele devia estar canceroso embora eu tenha mantido a parte do ‘maligno’ em sigilo e lhe tenha dito que é grave mas que
ainda não sabemos mais nada por isso temos de esperar e ver o que vem a seguir e no fundo, é a mais pura das verdades.
A minha cabeça não pára de pensar… Estará ele bem ali no Stº António? Deveria ser tratado no IPO? Falei com a minha prima/madrinha/enfermeira no sentido de tentarmos ver qual será o melhor sítio que pelo menos lhe proporcione mais conforto na medida do possível. É assim a
vida, todos os dias ouvimos dizer que A ou B está com cancro até ao dia que chega
a nossa casa, à nossa família.
Tenho muita pena Teresa =( é uma situaçao complicada, é preciso força e acima de tudo proteja se, ajude na medida do possivel mas nao se deixe engolir pela trsiteza porque nesta fase é preciso força.
ResponderEliminaro hospital ST Antonio é muito bom, do Ipo tambem nao tenh que dizer (infelizmente casos de cancro na minha familia sao imensos) mas penso queno st antonio terá bom acompanhamento.
bjnhs
força
As
Obrigada As, beijo de coração!
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