Amanhã a minha rotina altera-se! Em março tenho uma vista, a minha mãe, que vai ficar connosco todo o mês! É bom tê-la por cá… Chegar a casa e ter lá gente (ela vai para o centro de dia mas chega a casa cedo)!
Lembra-me quando era criança e havia sempre alguém em casa! Nunca andei em nenhum ATL ou coisa parecida. Tinha férias grandes e por muito que fossem passadas em casa, porque era uma menina da cidade; porque não tínhamos dinheiro, gostava! Brincava com tachos e panelas; vassouras e apanhadores; jogava à macaca no chão da varanda; fazia trapos para a boneca (só tinha uma) porque o meu pai era alfaiate e eu sonhava vir a ser estilista! Ouvia discos de vinil (dos meus irmãos mais velhos) deitada na minha cama no meu quarto de sótão (em que a parte mais alta devia ter 1,80m e a mais baixa 1,20m…) mas que tinha uma janela (que dava para o telhado)! O quarto não era só meu, mas os meus irmãos e irmãs trabalhavam e durante o dia estava por minha conta!
Hoje em dia as crianças estão de férias mas apenas porque não têm aulas! A rotina acaba por se manter. Têm de se levantar cedo e ir para o ATL ou para casa dos avós porque ambos os pais trabalham (no meu caso não, porque sou mãe solteira/divorciada) e as brincadeiras são outras… Achamos sempre que devem estudar mais um bocadinho; que devem ler um livro (porque faz parte do PNL e achamos que lhes faz bem) mas depois…
Onde está o tempo deles ficarem deitados na cama sem fazer nada e sonhar?
Quando podem eles passar uma tarde inteira a ouvir música e a sonhar com o futuro?
Como podem eles desenvolver a imaginação e sonhar com o que querem ser quando forem grandes se quase não têm tempo para experimentar coisas novas, puxar pela cabeça e improvisar?
Onde está o tempo em que lhes apetece aprender a cozinhar?
Não será também isto importante na vida deles como foi na nossa?
Não fará este tempo falta para eles serem adultos com consciência de que foram crianças?
Será que agora o certo é deixar as tecnologias invadirem as nossas vidas ao ponto de se deixar de ler um livro em papel?
Eu sei que vivemos numa outra época, mas há coisas tão básicas que a meu ver, tornam os nossos filhos mais humanos e conscienciosos, participativos e dinâmicos e com vontade de crescer e lutar pelos sonhos…
É bom ser sozinho e independente, mas às vezes também é bom chegar a casa e ter lá alguém…
Teresa B.
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